Para Ana Paula Prado, CEO do Infojobs e mãe da Olívia, a tecnologia é o meio para conectar pessoas e empresas e impulsionar um mercado de trabalho mais inovador e humanizado.
Ana Paula recebeu o nome composto de sua mãe, que nunca gostou de apelidos e fez a escolha para se esquivar deles. Os amigos e colegas de trabalho a chamam de Ana, mas no entorno familiar ela é Paula. Apaixonada por praia e natureza, ela se orgulha de ser a mãe da Olívia, esposa do Murilo, filha da Olga e de cultivar suas amizades.
Dinâmica, curiosa e sempre em busca das respostas e do conhecimento, Ana Paula se formou em Psicologia e começou sua carreira em 2001. Desde então, encontrou nos grandes desafios e responsabilidades a oportunidade de mostrar seu valor como profissional.
A maternidade, um sonho desde a infância, despertou nela um senso de propósito ainda maior. Além de reconhecer a importância do trabalho como um meio de oferecer estabilidade para a família, Ana Paula admite que se sente privilegiada por amar o que faz e por impactar a vida de pessoas através disso.
Qual é o maior desafio de ser CEO e mãe em um mercado que ainda é bastante preconceituoso?
São muitos desafios, mas o maior na minha opinião é acreditar no meu potencial e capacidade de fazer as coisas acontecerem. Boa parte da sociedade ainda pensa o contrário e esse pensamento também está dentro de mim, o que torna esse processo ainda mais difícil. Para ultrapassar essa barreira, eu busco o autoconhecimento e aprender cada vez mais com os meus erros, minhas limitações e com as dos outros. Estamos evoluindo, mas é um caminho.
Como mãe, ainda me cobro e me culpo muito pela distribuição do tempo e tenho esse ponto a ser superado. Hoje em dia, por já ter reconhecido que eu não vou conseguir equilibrar todos os pratos, muitas vezes as coisas não saem conforme o planejado e está tudo bem. Sou privilegiada por ter uma grande rede de apoio que me suporta e que me permite ter tempo de qualidade com a minha filha. Outro cuidado que eu tenho é deixar claro para ela que o trabalho não é uma carga, muito pelo contrário, é uma realização e me sinto feliz e completa trabalhando.
Qual foi a maior transformação que você acompanhou na relação entre tecnologia e gestão de pessoas?
Eu comecei no setor com o desafio de encorajar as pessoas a procurarem trabalho de forma online. Em 2001 o desafio era mostrar que os profissionais podiam confiar em deixar seus dados em algum site. Depois de ultrapassado esse obstáculo, percebemos que a conexão é o caminho mais curto entre pessoas e empresas. Hoje precisamos estar online, conectados, e a pandemia veio para intensificar essa necessidade, não é uma nova demanda, mas pontos que merecem nossa atenção cada vez mais. A tecnologia veio para facilitar o dia a dia do RH, otimizar as demandas burocráticas da área e por consequência facilitar também a gestão de pessoas, onde o RH precisa se atentar para propor práticas inovadoras para conciliar os interesses da organização e dos colaboradores.
Você acredita que a tecnologia também pode tornar os processos seletivos menos humanizados?
Para mim, essa ideia de desumanização a partir da tecnologia é somente um mito, primeiro porque as tecnologias para RH são gerenciadas por pessoas, ou seja, elas vão reproduzir práticas humanas. Além disso, no PandaPé, por exemplo, é possível personalizar toda comunicação e etapas do processo seletivo, fazendo com que o recrutamento se torne mais empático e em conformidade com os valores da empresa. Outro diferencial está na facilidade para fornecer feedbacks e retornos sobre o processos, o que faz com que o candidato saiba exatamente como está a sua situação.
Então a experiência do candidato pode ter muitos ganhos com a tecnologia, além de facilitar o processo de seleção para o profissional, uma vez que pode ser feito 100% de forma remota. É necessário que o RH tenha em mente que esse é um aspecto importante para que o profissional se sinta atraído e acolhido pela empresa.
Sobre a escassez de talentos, como você percebe o fenômeno no contexto brasileiro?
Mesmo com os números de desemprego atingindo 8,7 bilhões de pessoas, a escassez de talentos é sentida pelas empresas brasileiras, e isso acontece por diversos motivos. Existe uma busca cada vez maior dos profissionais por empresas que estejam alinhadas aos seus valores e que também permitam um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, com práticas como trabalho remoto e flexibilização dos horários. Outro ponto importante é a qualificação da mão de obra, principalmente em posições relacionadas à tecnologia, o que trará cada vez mais competitividade por talentos. Além disso, como empresa, precisamos estar dispostos e assumirmos a responsabilidade pela formação dos nossos colaboradores. Prover desenvolvimento vai trazer maior engajamento e retenção dos profissionais.
Qual é o papel das lideranças para que os processos seletivos sejam mais assertivos e humanizados?
O candidato é um cliente atual ou futuro da sua marca. Pensar dessa forma já nos direciona bastante quanto aos processos seletivos, e como a empresa vai impactar esse cliente ou como vai engajar até a aquisição é uma responsabilidade de todos. Então, se a organização deseja um processo humanizado e mais assertivo, a liderança deve prezar por essas práticas em todas as atividades e, é claro, estimular seus liderados. Outra via interessante é apoiar o uso de tecnologia, uma vez que a digitalização permite maior assertividade por ser gerida em dados e focada em resultados. É importante lembrar que o recrutamento é uma missão do RH, por profissionais qualificados para selecionar os profissionais que vão entrar na empresa. A liderança pode atuar em conjunto, mas sempre confiando no setor.
Como você imagina o futuro da gestão de pessoas?
Estamos em um mercado com evoluções muito rápidas e constantes, não poderemos fugir dos avanços e com certeza aproveitaremos muito deles. O futuro já é amanhã e vejo as mudanças cooperando para mais conexão, empatia e humanização. Como líderes, temos o desafio e responsabilidade de nos conectarmos com a equipe, promovendo o bem-estar, propósito compartilhado e experiência como indivíduo. Se temos equipes em diferentes modelos de trabalho, com flexibilidade e com foco na experiência, a comunicação e a gestão de pessoas passam a ser um grande desafio, desafio esse que pode ser superado com a tecnologia.