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    Sandra Chayo: Do legado à inovação.

    Com mais de 25 anos de carreira como empreendedora, Sandra Chayo segue o exemplo de liderança e espírito inovador de seu pai, Nissim Hara, fundador do Grupo HOPE. Como Sócia e Diretora da empresa, foi a responsável por duas importantes decisões que impulsionaram a companhia para outro nível no segmento de varejo de moda do país: a abertura de franquias e e-commerce, o que tornou a Hope a maior loja de lingeries do Brasil. A inovação de Sandra não para por aí. Além de liderar com maestria o reposicionamento da marca, a empreendedora também decidiu investir em outros negócios, integrando o grupo de jurados do Shark Tank Brasil.

    Em entrevista exclusiva para a edição de lançamento da Rocking Talent Brasil, Sandra nos contou um pouco mais sobre sua trajetória de sucessão, motivações como liderança e inspirações para levar uma vida empreendedora equilibrada, com muita disciplina e determinação.

    Queremos conhecer um pouco mais sobre quem é a Sandra dentro e fora da Hope? E se é possível separar esses papéis?

    A empresa sempre foi uma extensão da minha família, pois eu nasci praticamente numa fábrica de lingeries e tudo virou uma tradição para mim. Tenho um perfil muito empreendedor, de pensar na visão de longo prazo e na perpetuidade do negócio, na necessidade de me reinventar, inovar e propor novas soluções. Penso que se tem algo que já está funcionando, sempre dá para fazer melhor e diferente porque é isso que me move a dar a melhor versão de mim mesma. A disciplina, as metas definidas e a determinação é o que me torna uma apaixonada pelo que eu faço, tanto na minha vida pessoal quanto no trabalho. Por ter essa relação tão próxima entre minha família, filhos, empresa e colaboradores, acredito que tudo faz parte dessa série de coisas em comum que fortalecem esse papel múltiplo, mas ao mesmo tempo único. Dedico sempre minhas manhãs para cuidar de mim, sou muito vaidosa e adoro cuidar da beleza, fazer exercício físico, praticar yoga, que é uma das minhas paixões, meditar, ler um trecho de um livro. São ações que contribuem para o meu bem-estar e autocuidado.

    Qual foi a maior dificuldade que você encontrou em se posicionar como empreendedora e uma liderança desde tão cedo? Ser referenciada como a “filha do dono” em algumas situações te trouxe algum impacto?

    As pessoas sempre me perguntam: “você tem alguma dificuldade por ser mulher?” E a verdade é que não. Nunca tive essa dificuldade. A Hope é uma empresa de mulheres para mulheres, nossos valores e cultura falam isso a todo momento. Meu pai sempre foi um cara visionário, de valorizar e empoderar muito as mulheres, tanto que ele criou o primeiro merchandising de novela da TV brasileira, Roque Santeiro, da Rede Globo, algo completamente inovador para a época. Mas tem algo que eu costumo falar com meus filhos e sobrinhos, que o pior cargo que você pode ter em uma companhia é o de filho do dono, porque junto da expectativa boa vem a desconfiança e o preconceito que pode atrapalhar principalmente no início da carreira.  

    Entrei na Hope muito jovem, com 20 anos e desde lá já trabalhava com meu pai na parte de imóveis que ele tinha, pois sou arquiteta de formação.  Nunca tinha imaginado entrar na Hope para trabalhar com roupas, afinal o perfil que a Hope tinha na época é totalmente diferente do que existe hoje, mas eu vi que o meu pai precisava de mim e das minhas irmãs e foi quando entramos para ajudá-lo que encontramos diversas oportunidades nesse caminho. 

    O que você considera ser o maior desafio profissional, do ponto de vista de habilidades e comportamentos para as lideranças atualmente? 

    Quando falamos em liderança, acho que tem algumas coisas bem importantes que eu busco desenvolver nos meus liderados e também constantemente revisitar e ver se eu estou praticando. São três: A visão de futuro, ser exemplo e a comunicação. Se eu quero ser vista como aquela liderança inspiradora, eu preciso agir assim, me comunicar bem para resolver conflitos. No meu caso, o grande mentor da minha vida foi o meu pai, ele era um super líder e liderava pelo exemplo. Então eu procuro sempre lembrar disso quando tem algum desvio de rota ou quando estou em uma encruzilhada, paro e penso: O que ele faria? É isso que eu faço para que os meus liderados também tomem uma atitude que eu acho que é um caminho saudável. Por isso é tão importante se atualizar constantemente, inovar, propor novas soluções e nunca se acomodar. Todo o crescimento traz alguma dor e enquanto líder é preciso fazer esse esforço.

    Como você desenvolve suas habilidades diariamente?

    Sou uma entusiasta da educação continuada, não necessariamente aquela educação formal, mas hoje existem muitos canais para aprender. Durante a graduação de arquitetura,  fiz curso de fotografia, design de interiores, desenho técnico, um pouco de tudo. Sou fã de Podcast porque lá eu consigo aprofundar e escutar em momentos que estou realizando outras atividades, adoro pesquisar cases, ler biografias e livros de negócios, mas as biografias me encantam porque são cases reais e você vê o lado humano das pessoas. Também tenho um grupo de relacionamento muito forte com empresários, franqueados que me fazem aprender diariamente.

    Em uma das suas entrevistas você citou que até então não tinha o hábito de investir em empresas, mas sim em pessoas. O que você mais valoriza na decisão de investir em alguém? 

    Quando eu entrei no Shark Tank Brasil tinha a expectativa de investir em uma empresa vegana, pois sou vegana, algo relacionado à moda e tudo o que é conectado com o que eu faço. Mas no fim, acabei me interessando em empresas de tecnologia, educação e outros segmentos, então eu percebi que antes dessa escolha, você precisa acreditar na pessoa que está ali à frente do negócio. Daí a importância da comunicação, porque se ela não souber argumentar e mostrar que tem potencial para fazer aquele negócio acontecer, não vai conseguir convencer os jurados. 

    Então, essas duas habilidades são importantes e tem muito valor pra mim, pois é algo que fui influenciada pelo exemplo do meu pai. Ele tinha muita empatia e apostava nas pessoas, investia em quem acreditava. Você precisa ter um ótimo discurso, a vontade de colocar a mão na massa, uma boa ideia, mas também uma mente empreendedora para que alguém invista em você. E se eu pudesse incluir mais algum ponto seria a paixão e o amor, porque você precisa ser muito apaixonado pelo que você faz. Empreender dá muito trabalho, tem perrengue, tem dor de cabeça e tem imprevistos, então você tem que ser um apaixonado por aquilo que você faz para superar e acordar no dia seguinte com muita vontade de fazer acontecer.

    Além do ambiente profissional, onde ou com quem você costuma aprender mais sobre pessoas?

    Aprendo muito com a minha família em geral e com a empresa. Uma empresa é um organismo vivo, nela convivemos com diferentes tipos de hierarquia, diferente da família, mas acho que é um bom benchmark e vice-versa. Os conceitos que eu uso na prática no dia a dia da empresa, às vezes utilizo para resolver a briga dos meus filhos, por exemplo.  Entendo que esses são bons canais de aprendizagem diária, mas também me inspiro em livros, histórias de sucessão, biografias.

    Queremos que você compartilhe com a gente algum livro, filme, hobby, que te inspira diariamente?

    Eu tenho alguns livros que sempre releio, vira e mexe eu volto neles,  principalmente quando eu estou em conflito com alguma questão interna, mas um deles é o Comece pelo Porquê, do Simon Sinek. Esse é um livro básico, que todo mundo deveria ler, um guia que faz você voltar para sua origem, é uma autoanálise sobre o seu propósito e o propósito da empresa. 

    Como hobbies, gosto de viajar, culinária vegana e yoga, que eu pratico há quase 18 anos. É uma atividade que me inspira porque traz equilíbrio, força e faz a ligação com coisas que você precisa para usar na sua rotina. Tem a questão de você se desafiar todos os dias, principalmente na evolução das posições, que me estimulam em diversos pontos de desenvolvimento e na melhor versão que eu posso ser. E isso se aplica nos negócios, na vida e no esporte, então considero um bom exemplo.

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