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    Claudia Elisa: Liderança autêntica e estratégica.

    Em 34 anos de carreira, Claudia Elisa atuou em diferentes posições C-level, sempre com foco no desenvolvimento do negócio. Hoje é mentora, palestrante e conselheira em empresas como Camil, BP, Grupo Cassol e IBGC.

    Claudia Elisa Soares é carioca, tem 55 anos e é filha de pais imigrantes portugueses, cujos valores de honestidade, trabalho e estudo foram uma inspiração fundamental. Sua vida é marcada por reinvenções desde cedo. Aos 17 anos,  trocou uma carreira voltada para a arte, como pianista, cantora e sapateadora, para abraçar o mundo empresarial. Ficou 17 anos na Ambev, onde entrou como trainee e saiu como diretora, depois ocupou posições C-level no Grupo Pão de Açúcar, Via Varejo, Votorantim Cimentos e FNAC.

    Como conselheira, fez e faz parte de boards de grandes organizações, como Camil, BP, Grupo Cassol, IBGC, Tupy, Even, Totvs e Arezzo&Co. A alma artística sempre a impulsionou para explorar o novo, criar e se conectar com as pessoas. “Tenho orgulho de ver que cheguei em posições de destaque sem perder meu bom humor, minha autenticidade, leveza e simplicidade”, conta a profissional que também é mãe de três filhos: David, de 25 anos, Simon, de 22, e Sofia, de 19. Atualmente está explorando novos interesses como investidora em startups, escritora, palestrante, mentora e influenciadora digital, compartilhando conteúdos também em seu canal no YouTube e no podcast “Liderança em Pauta”.

    O que foi determinante na sua carreira para conquistar espaço e assumir posições de C-Level em um mercado majoritariamente masculino?

    Primeiramente, minha ambição em alcançar cargos de liderança em empresas de destaque foi um impulso crucial. Me sinto à vontade para tomar decisões estratégicas, liderar equipes e impulsionar resultados positivos nos negócios. Estava sempre disposta a ir além do esperado para conquistar posições de maior complexidade e responsabilidade.

    Também reconheço a importância de identificar minhas habilidades e pontos fortes, como minha proficiência em lidar com números, minha capacidade de comunicar ideias de forma inspiradora e minha habilidade em operar eficazmente em ambientes de alta pressão e incerteza. Sou capaz de analisar cenários complexos, conectar pontos e elaborar planos estratégicos que se desdobram de forma eficiente.

    Qual é a habilidade-chave de uma conselheira?

    Preparação prévia é essencial, envolvendo conhecimento profundo do negócio, dos tópicos a serem discutidos e dos materiais apresentados na sala do Conselho. Ter visão estratégica também é crucial para oferecer insights valiosos e sugestões de direcionamento.

    Além disso, a comunicação empática é indispensável para estabelecer diálogos produtivos com todos os envolvidos – conselheiros, acionistas e executivos – demonstrando interesse genuíno nas opiniões expressas e compreendendo suas origens (quais fatos, vivências, análises foram consideradas).

    Qual o principal desafio que observou nas diferentes empresas que atuou?

    Uma estratégia de negócio bem definida é essencial para unir a equipe em uma direção comum e garantir que todos estejam alinhados. É crucial resistir às distrações, o que requer um exercício constante de disciplina. Além disso, é fundamental desdobrar essa estratégia em planos de ação eficazes, os quais devem ser executados com determinação para alcançar os resultados desejados. Se os resultados não forem satisfatórios, é importante realizar ajustes e adições de forma ágil. 

    Ter uma equipe de alta qualidade, comprometida com o sucesso e a sustentabilidade da empresa, é outro ponto crucial. Isso significa que os membros da equipe devem estar dispostos a abrir mão de suas vontades individuais em prol do bem maior da organização. 

    Por fim, é essencial reconhecer e enfrentar os desafios de viver em um mundo caracterizado pela incerteza, complexidade e mudanças constantes. Isso exige preparo técnico e emocional tanto por parte dos times quanto dos indivíduos, para adaptar-se rapidamente às mudanças e superar os obstáculos que surgirem no caminho.

    Como você enxerga o mercado brasileiro em relação à ESG? Quais os maiores dilemas e oportunidades nesse contexto?

    Percebo um desafio significativo em relação ao “S”, ou seja, aos aspectos Sociais. O país enfrenta questões como baixo nível educacional, grande desigualdade social e a persistência da pobreza e da fome em várias regiões, impactando diretamente a capacidade de aprendizado e concentração das gerações futuras. Isso levanta preocupações sobre o futuro do trabalho e a disponibilidade de talentos, tornando-se uma prioridade para as empresas.

    Embora os temas ambientais sejam cruciais, especialmente devido à posição do Brasil como exportador para regiões com regulamentações cada vez mais rigorosas sobre práticas ESG, é importante reconhecer o progresso já alcançado em relação ao “E”. Com 85% da matriz energética proveniente de fontes renováveis e um foco crescente na economia circular, o país tem avançado notavelmente nessa área.

    Em relação à Governança, percebo um avanço significativo tanto no setor público quanto no privado ao longo dos últimos 10 anos. É essencial, como profissionais e cidadãos, estarmos atentos para evitar retrocessos em práticas de Compliance, Integridade e Ética. Priorizar a conduta correta, levando em consideração todos os Stakeholders, continua sendo a melhor abordagem a longo prazo, e é o que distingue as empresas mais desejadas para se trabalhar e os governos mais admirados.

    Quando a pauta ESG é discutida na sala do conselho, observo um amplo alinhamento quanto à sua relevância para a sustentabilidade dos negócios e sua legitimidade social. No entanto, nem sempre há consenso em relação ao ritmo, velocidade ou profundidade da implementação de certas práticas, especialmente quando requerem recursos substanciais. Essa falta de consenso, no entanto, pode ser benéfica para encontrar um caminho de transformação que leve em consideração também os aspectos econômicos.

    Existe alguma verdade universal que se aplica a qualquer negócio? Qual seria?

    Existem verdades e conselhos universais que se aplicam a qualquer negócio: Descobrir o porquê do seu negócio é fundamental. Entender o significado, diferencial e impacto que ele traz para o mundo; Estratégia, muitas vezes, envolve mais dizer “não” do que “sim”. Manter foco e disciplina é crucial para o sucesso do negócio; Ter uma equipe composta por pessoas melhores que você é essencial. Caso contrário, você pode acabar se desviando de suas responsabilidades e assumindo tarefas que

    deveriam ser feitas por subordinados, resultando em confusão de papéis e

    responsabilidades; Implementar mudanças quando tudo está indo bem é mais eficaz do que esperar até que algo dê errado. Proatividade é chave para o progresso contínuo.

    A vida, seja nos negócios ou nas famílias, é composta por ciclos. É durante os períodos difíceis que as pessoas se tornam mais fortes, e são essas pessoas fortes que facilitam os tempos mais tranquilos. No entanto, quando as coisas estão fáceis demais, há o risco de criar indivíduos menos resilientes. É crucial ter clareza sobre em qual fase desse ciclo seu negócio ou sua família se encontra, pois isso orienta as decisões e ações futuras.

    Qual é o seu legado “rock”?

    Meu legado é inspirar as pessoas a acreditarem em si mesmas e em seu potencial. A vida é uma jornada repleta de conquistas e desafios, e minha própria história reflete isso. Ao compartilhar minhas experiências, reflexões e alegrias, busco oferecer luz, força e clareza às pessoas ao meu redor, mostrando que também são capazes de construir o caminho que desejam em suas vidas.

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