Marcos Antônio Zordan: A cooperação como legado.

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Em 46 anos de carreira, Marcos Antônio Zordan, Vice-Presidente da Aurora Coop, encontra na agricultura lições valiosas sobre paciência, persistência e cooperação. 

Nascido em Lagoa Vermelha, cidade do interior do Rio Grande do Sul, Marcos Antônio Zordan se formou em Medicina Veterinária, mas sua trajetória profissional foi alicerçada no Cooperativismo. De seus 70 anos, dedicou mais da metade à carreira que o levou à vice-presidência de uma das maiores cooperativas de alimentos do Brasil. Na companhia desde 2007, Zordan acompanha no dia a dia do produtor, dos associados e dos colaboradores o lema: “A essência da Aurora são as pessoas.”.

Queremos conhecer um pouco da sua história. Quais caminhos levaram à posição que ocupa hoje na Aurora Coop?

Tudo começou quando, em 1978, iniciei meu trabalho como médico veterinário em uma Cooperativa filiada à Aurora Coop, dando assistência técnica. Passado alguns anos, o quadro social da Cooperativa me convocou para assumir a presidência, cargo no qual permaneci por 22 anos e meio. Nesse meio tempo assumi, paralelamente, a presidência da FECOAGRO (Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina) e da OCESC (Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina). Então, com boa experiência, fundamos uma Cooperativa de Crédito, a Sicoob Creditaipu, com sede em Pinhalzinho (SC). Em 2007 fui convidado pelo então presidente da Aurora Coop Mário Lanznaster para ser um dos executivos, onde estou até hoje no cargo de Vice-Presidente. E assim completei 46 anos no Cooperativismo.

Qual é o maior aprendizado que o dia a dia do agro trouxe para a sua vida?

Tenho várias formas de analisar. Primeiro, a convivência com o associado que, na sua dificuldade, nos ensina muito. A agricultura é uma indústria a céu aberto, em que mantemos sempre a esperança de que tudo vai dar certo. Isso a gente faz ano após ano, sempre esperando o bom desempenho das lavouras e o sucesso das safras. Nos dias de hoje, na nossa região, o produtor busca certa proteção, partindo para a atividade agropecuária com suínos e aves. Esse é o grande aprendizado da paciência, da persistência, da busca da sucessão familiar e de nunca desistir.  

E, hoje, qual está sendo o maior desafio do setor?

Atualmente, entre os maiores desafios, está viabilizar a pequena propriedade agrícola. O aumento dos custos dos investimentos e dos juros praticamente inviabiliza aquele produtor que quer investir, ampliar e melhorar sua rentabilidade. Temos na região, em sua grande maioria, mão de obra familiar que ainda nos dá esperança da continuidade.

Quais são os pilares que promovem o compromisso da Aurora Coop com a sustentabilidade?

O compromisso com a sustentabilidade envolve diretamente o ambiental, econômico e social. A Aurora Coop mantém desde 2015 um amplo e avançado programa com os produtores associados e seus familiares que se chama PRSA (Propriedade Rural Sustentável Aurora). Esse programa busca desenvolver os cooperados de maneira que atinjam níveis de sustentabilidade nas suas cadeias produtivas, envolvendo os processos de gestão e meio ambiente, além de gerar certificação das propriedades rurais. 

Ele resulta da soma dos programas De Olho na Qualidade Rural, Times de Excelência, Suíno Ideal, Qualidade Total Rural, Frango Aurora, Programa Aurora de Qualidade do Leite, Leitão Ideal, Creche Aurora e Programa de Capacitação Ambiental. Através do PRSA, levamos  sustentabilidade com resultado aos produtores, após uma rigorosa auditoria, sempre reavaliada a cada ano, podendo continuar ou não no programa dependendo da avaliação. Dessa mesma forma trabalhamos internamente e com as Cooperativas Filiadas.

Como você projeta o futuro do agro brasileiro?

O agro no Brasil, como um todo, tem muito ainda a produzir com as novas tecnologias. E o que é mais importante: somos o único país do mundo que tem terras a serem exploradas, luz solar suficiente e água. Hoje exploramos somente 9% do nosso território na agricultura e somos o único país que tem aumentado a produção através da produtividade. O que precisamos é crédito compatível, segurança jurídica, uma tributação justa da atividade e uma legislação trabalhista adequada ao meio rural. A terra é finita e nós temos, ainda, muitas regiões a serem melhor exploradas, coisa que outros países já não têm mais. Nós somos – e sem medo de ser – o país que proporcionará a segurança alimentar ao mundo.

E o que você espera deixar de positivo para as próximas gerações de profissionais?

Sem dúvida, a responsabilidade que temos de produzir comida para o mundo é parte do orgulho pela nossa profissão. Nosso eterno reconhecimento aos cooperativistas que continuam nessa batalha missionária de praticar justiça social, de tratar todos iguais, de escutar as pessoas, de sentir suas angústias, de buscar dentro da possível solução para seus problemas. Nunca devemos esquecer que é nossa obrigação deixarmos aos nossos descendentes um mundo melhor do que aquele que encontramos.

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