Unindo sua paixão pela comunicação e pela vida no campo, Camila Telles se tornou uma das influenciadoras e palestrantes mais relevantes do agro brasileiro.
Camila é a terceira geração de produtores rurais da família, vivência que moldou seus valores e impulsionou sua carreira. Formada em Relações Públicas, foi produtora de shows e eventos, mas acabou retornando para a fazenda onde criou a Hortaria — empresa de hortaliças e grãos.
A grande virada de chave em sua trajetória, entretanto, aconteceu quando ela passou a falar de assuntos polêmicos em suas redes sociais. Como influenciadora, ela desmente fake news, produz conteúdos de qualidade e mostra o outro lado do agro.
O que motivou sua escolha de trabalhar com comunicação para o agro?
Com certeza foi ver a desinformação que rolava na cidade. O quanto meus próprios colegas de comunicação não sabiam coisas que, pra mim, eram básicas. E o óbvio precisa ser dito, porque a gente nunca sabe qual é a vivência das pessoas ou se elas realmente entendem de onde vêm os produtos que consomem. Certa vez, fiz uma pesquisa conversando com pessoas na rua e perguntando como a agropecuária estava presente na vida delas. Dentre várias respostas engraçadas, uma senhora me respondeu que era através do seu cachorro. Questionei o que ela tinha tomado no café da manhã, o queque que ela tinha almoçado. Ela se deu conta de que nunca tinha feito essa correlação antes. Então isso me motivou a disseminar mais informação e a desenvolver novos projetos.
Sua presença digital é marcada por defender o setor e mostrar “o agro que muitos vivem e poucos conhecem”. Qual é o maior desafio de estar nessa posição?
O maior desafio é a exposição. Se expor na internet não é uma tarefa fácil, ainda mais falando de assuntos polêmicos, que tem uma grande fatia da população que discorda ou que enxerga de forma agressiva. Mas eu tenho convicção no que falo, leio pesquisas, artigos, converso com profissionais da área e tenho acesso à melhor fonte, que é o produtor rural. Então, apesar de lidar com os haters, sempre tento mostrar o lado positivo do setor, dando visibilidade a uma geração completamente engajada, diferenciada e que quer manter o legado e respeitar a história dos pais e dos avós de uma maneira ainda mais sustentável e tecnológica. Esse é o agro que a gente vive e que, infelizmente, poucos conhecem.
E como você lida com as críticas e comentários desagradáveis em seus conteúdos?
Já foi mais difícil. Confesso que teve uma época em que quase deletei minha conta no Instagram, mas hoje tenho formas de me blindar. Eu tenho muita fé, acredito muito no meu propósito e sei que quando as pessoas partem para o xingamento, isso diz muito mais sobre elas do que sobre mim. Tenho convicção de quem eu sou, de onde eu vim, dos meus valores, e é isso que não posso esquecer e que me fortalece. Sei que sempre vão existir comentários ruins, mas os positivos superam e me estimulam a seguir.
Além de influenciadora agro, em quais projetos você está atuando?
Hoje atuo em todo o Brasil com palestras, o que me permite conhecer cada canto do país e conversar com produtores de diferentes regiões e biomas, trazendo um pouco dessa realidade para o dia a dia das pessoas que me acompanham. Também tenho uma agência de comunicação direcionada para o agro, onde eu dou mentoria sobre comunicação estratégica e falo com as equipes de marketing sobre como podemos melhorar a área. Além disso, tenho um podcast com o Bruno Dupin. O Farm Connection já alcançou milhões de visualizações e está sendo um orgulho para nós. Nele, trazemos pessoas para conversarem sobre empreendedorismo, sustentabilidade, moda, gastronomia… E assim mostramos que, no fundo, tudo tem uma ligação com o agronegócio.
E o que planeja para o futuro da sua carreira?
O projeto da Farm Connection está se transformando em um projeto de mentoria e cursos online, focado principalmente em equipes de Marketing de empresas de agronegócio. Por meio dele, queremos facilitar a relação com esse público-alvo, tornando as estratégias e campanhas de comunicação para o agro mais assertivas. Então, no futuro, me imagino seguindo na carreira de estrategista de comunicação e na agricultura, porque a Hortaria também está crescendo e com ela pretendemos chegar em todo o Rio Grande do Sul.
Qual é o seu legado rock?
Meu legado rock é ter impulsionado uma geração de pessoas que hoje gera muito conteúdo de qualidade na internet. É mostrar que todo mundo tem espaço. E eu quero que o agro se una muito mais. Quero ser uma porta-voz disso para que a gente consiga ser valorizado como a gente merece. Eu sempre falo que o Brasil é conhecido pelo Carnaval, pelo futebol. Mas meu sonho é que ele também possa ser conhecido como o país do agro: que preserva, que produz e que tem nas suas veias a vocação de produzir alimentos. Então eu sigo lutando por isso, essa é a marca que eu quero deixar nas pessoas. Quero deixar as próximas gerações orgulhosas de trabalharem no agro e de terem o agro por perto.