Cezar Taurion, Founder e CSO da Redcore, conduz as empresas por um caminho seguro e de aproveitamento máximo do potencial que a IA oferece aos negócios.
Estudante com visão romântica dos anos 60, Cezar teve uma banda de rock que não decolou. Também praticou surf e participou de campeonatos amadores, mas seu sonho era ser piloto de avião. Mudou de ideia quando foi apresentado a um computador. O entusiasmo com a máquina foi tanto que o levou a estudar programação. Daí em diante seguiu carreira na área, terminando a faculdade de economia e mergulhando em um mestrado da ciência da computação
Com uma visão tecno-realista, Cezar acumula a experiência de mais de 40 anos passando por diversas multinacionais, inclusive pela IBM, onde foi diretor de novas tecnologias e evangelista. Em 2014, saiu do mundo corporativo e se tornou mentor de startups, além de professor convidado em faculdades brasileiras. Atualmente, é Founder e Chief Strategy Officer da Redcore.
O que motivou a fundação da Redcore?
Sempre que surgem novas tecnologias, elas parecem mágicas, até que tenhamos mais compreensão de suas potencialidades e limitações. Mas a excitação faz com que as decisões de negócio muitas vezes sejam levadas pela emoção e não pela racionalidade. Aí que pensamos em criar Redcore. Um grupo de pessoas altamente qualificadas que se propõe a ajudar as empresas a buscarem onde e como criar valor com o uso adequado de sistemas de IA. Por meio de nossas unidades de Consultoria Estratégica em IA, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Educação, oferecemos todo o suporte necessário para que as empresas adotem a Inteligência Artificial em seus negócios.
Como as empresas podem extrair o melhor da combinação entre inteligência humana e inteligência artificial?
Acredito que novas tecnologias mudam muito das tarefas e até eliminam algumas, como vimos com ascensoristas, cocheiros, telefonistas, datilógrafos e telegrafistas. Surgem outras, como desenvolvedores de softwares e engenheiros espaciais. A IA vai também provocar e, aliás, já está provocando mudanças na sociedade. Algumas atividades vão desaparecer, outras surgirão e muitas serão afetadas. Claro que temos que ser realistas e analisar com racionalidade a chegada de novas tecnologias. Creio que é importante usarmos IA para melhorar a eficiência operacional e até criar novos serviços, mas não esperemos o fim da humanidade causada por ela.
Quais foram os maiores desafios que você já enfrentou ao trabalhar com novas tecnologias e inovação?
Creio que é balancear a emoção do novo com a racionalidade do mundo real. Conectar sinais dispersos para ter uma visão de futuro e apostar nele, é, claramente, algo que embute oportunidades e riscos. Muitas empresas, receosas de apostar nos futuros possíveis e em que cenários seu ambiente de negócios, e consequentemente seus produtos e serviços, serão aceitos pelo mercado, acabam ficando na visão do dia a dia, e olhando apenas um ano à frente, implementando apenas melhorias incrementais.
Como você projeta o mercado brasileiro nos próximos anos com a introdução e popularização de IAs?
Novas funções serão criadas, mas no período de transição, será que os que perderão seus empregos poderão migrar para outras funções, que provavelmente demandarão skills diferentes das que eles adquiriram na sua vida profissional? Sem dúvidas, teremos uma mudança significativa na relação pessoas-máquinas e isso vai se refletir nas funções, academia e relações trabalhistas. É absolutamente imperioso que os trabalhadores sejam preparados para esta nova era digital, onde máquinas e humanos trabalharão em conjunto. O nosso nível educacional precisa urgentemente ser melhorado, condição essencial para que uma economia seja produtiva e se insira de forma adequada na revolução da IA e robótica.
Na sua perspectiva, qual é o maior risco na adoção de IAs em empresas sem a maturidade necessária?
Diversos aspectos devem ser considerados, mas destaco dois. O primeiro é a estratégia de negócios. Se a aplicação da IA for adequada, nos lugares certos e nos momentos certos, ela pode alavancar a transformação dos negócios e até mudar ou criar novos modelos de negócio. O segundo ponto, muito importante, é o fator humano e a cultura organizacional. Sem liderança e engajamento da alta administração, sem adaptação às mudanças em processos e novas maneiras de se fazer as coisas, por parte das pessoas que constituem a organização, as iniciativas de IA podem fracassar.
E quais habilidades fazem de nós, humanos, insubstituíveis como profissionais?
Nós temos criatividade, emoção, empatia, sentimentos… Nós humanos temos o senso comum e mesmo quando bebês. À medida que crescemos, ampliamos esse senso comum e compreendemos as estruturas de causa e efeito. Temos dentro de nós a física intuitiva, a biologia intuitiva e a psicologia intuitiva. Isso nos permite sobreviver como espécie e interagir com o mundo e com outras pessoas e objetos. Isso nos diferencia das máquinas.