Leonardo Pierette, Especialista Global da Marca Empregadora do Nubank, teve coragem para mudar a rota e embarcar na área de RH, onde constrói a conexão entre pessoas e oportunidades.
Desde muito cedo, Leonardo aprendeu a viajar através dos livros. O interesse pela literatura estimulou nele a curiosidade e o conhecimento sobre outras culturas e histórias, junto com o entendimento de que ele precisava vivenciar novas realidades.
A mudança da casa dos pais, no interior do Mato Grosso do Sul, o levou para o caminho da Engenharia Civil. Mas apesar de gostar da ideia de construir coisas, Leonardo sentia que o propósito de sua carreira estava em ajudar a “construir” pessoas: encontrar, apoiar, desenvolver e instigar.
Foi quando decidiu seguir na área de RH e employer branding que ele se encontrou como pessoa e como profissional. Desde então, realizou muitos sonhos, viveu em Londres e, em 2022, foi escolhido como Jovem Talento do prêmio Top Of Mind de RH. Atualmente, Leonardo mora em São Paulo, sua selva de pedras favorita.
O que te motivou a trocar a área de engenharia por RH e employer branding?
Abandonar a área de formação é uma difícil decisão após anos estudando. Ter vindo para o RH foi uma mudança de
rota motivada pelo propósito que eu queria encontrar enquanto pessoa. Ser engenheiro me permitiria construir diversas coisas, ver diversos projetos saindo do papel. Imagino que eu gostaria de projetar edificações que pudessem ser lembradas e reconhecidas por anos. Todavia, o Léo, que é apaixonado por experiências e por pessoas, jamais estaria realmente completo. Entendi que meu propósito estava relacionado a conectar pessoas, oportunidades e, portanto, precisava trabalhar com algo que me permitisse ficar mais perto disso. Em determinado momento, ouvi a famosa frase de que “passamos um terço das nossas vidas trabalhando”, e esse foi o estopim para a decisão.
O que torna uma empresa uma marca empregadora forte?
O que torna uma marca empregadora forte é, na minha opinião, um conjunto de fatores, que envolvem ter uma proposta de valor clara,comunicar muito bem essa proposta, e acima de tudo, ser genuína nas narrativas que constrói. Não se pode, muito menos após a revolução na comunicação que as redes sociais trouxeram, haver divergência entre o que é dito e o que é praticado. Marcas empregadoras refletem areputação de uma empresa enquanto lugar para se trabalhar. Estamos falando de satisfação das pessoas em trabalharem ali. Não se pode esperar que reputação será construída sem verdade. São os próprios colaboradores que vão ajudar a construir essa reputação, que virá com um bom trabalho de gestão da proposta de valor, e comunicação.
Sobre intergeracionalidade: como você percebe a relação entre profissionais de diferentes gerações?
É interessante demais analisar os conflitos geracionais quando estamos trabalhando estratégias de Employer Branding. Cada geração valoriza atributos totalmente diferentes. Algumas valorizam mais estabilidade,benefícios que estejam atrelados à saúde, família e bens. Outrasvalorizam mais a flexibilidade, a exposição a riscos e até mesmo outras que valorizam de fato a mudança constante de rotina. Em termos de marca empregadora e atratividade, precisamos entender muito bem quais argumentos queremos utilizar com cada geração para ter as melhores estratégias. Precisa ser personalizado. Quando falamos na relação dessas diferentes gerações numa mesma empresa, ou dentro de uma mesma equipe, falamos sobre como essas diferentes perspectivas podem somar na hora de construir um produto ou projeto. As empresas precisam entender que a intergeracionalidade é um tipo de diversidade dentro das equipes, e precisam incentivá-la e medi-la.
Quais são as suas expectativas para o futuro do RH?
Com muitos dados, sendo mais preditivo e cada vez mais conectado com o negócio. Amo aquela frase “Seus clientes são pessoas. Sua empresa são pessoas. Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios.” O RH precisa ser cada vez mais consultivo dentro da empresa, justamente por possuir a expertise no tema Pessoas. Devemos fornecer apoio para o negócio que ainda tem dificuldades com o tema. Somos os que mais entendem de pessoas e consequentemente devemos estar na mesa para discutir negócios. Precisamos nos munir de dados, gerar insights, prever movimentos, e apoiar empresas a serem mais direcionadas a essa área. Vejo o futuro do RH nessa mesa, ajudando negócios a serem mais rentáveis, mais focados, evitando desperdícios – utilizando tudo o que tem à disposição num mundo imerso em tecnologia e novas ferramentas.
Pode nos indicar algum conteúdo referência no tema “employer branding”?
Claro! Essa é na verdade uma pergunta difícil, pois temos poucas referências globais no assunto e pouquíssimas nacionais. Numa perspectiva global, gosto sempre de recomendar o “Employer Branding for Dummies”, que é um guia completo de várias práticas que temos dentro da área, então se você vai trabalhar com EB, vale a pena checar. O livro foi lançado pela Universum, que é uma das maiores, senão a maior, consultoria de employer branding no mundo. Acredito que para quem quer ficar por dentro do assunto, vale muito a pena acompanhar todos os reports e conteúdos que eles lançam. Além disso, como referência nacional, gosto de recomendar o livro da minha querida amiga Suzie, o “Isso é Employer Branding?!” que traz vários insights de como começar a trabalhar, como organizar uma estrutura e também tendências da nossa área.