Genesson Honorato: O lugar onde o futuro vai nascer.

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Genesson Honorato
Genesson Honorato

Genesson Honorato, Gerente de Inovação para RH da OLX, nos conta sobre os desafios, transformações e projeções para a área de gestão de pessoas no Brasil. 

Genesson Honorato nasceu no interior da Bahia, onde aprendeu desde muito cedo que precisaria superar as barreiras sociais enfrentadas pela família para realizar seus sonhos. Foi através dos livros que descobriu uma paixão que o movimenta até hoje: aprender sobre novos mundos e perspectivas. Porém, ainda criança, precisou trabalhar para complementar a renda familiar. 

Apesar da infância e adolescência marcadas por diversos desafios, Genesson relembra com emoção das suas conquistas. Da formação no curso de Psicologia como bolsista, o inglês aprendido em séries de TV e o programa de trainee de uma multinacional francesa – etapas que também o impulsionaram para estar hoje em uma posição de liderança na OLX. 

Gerar impacto positivo no mundo, fomentar a diversidade, a inclusão e a inovação fazem parte das missões dele, que também é palestrante, consultor organizacional, mentor e pai do Benedito e do Francisco.      

O que é inovação quando falamos da área de RH? 

Inovação pode e deve ser um modo de pensar, o famoso mindset. A nossa maneira de trabalhar, de ver um processo e ajustá-lo para que gere mais valor percebido. Então inovação é aquilo que gera valor percebido no presente: se não gerar esse valor hoje, não está impactando nem o negócio, nem a vida das pessoas.

O RH é uma das áreas mais desafiadoras exatamente porque lida com o principal ativo das organizações, as pessoas. A máxima é: se tudo muda o tempo todo, precisamos seguir aprendendo novas maneiras, formas, processos. Como fazer um bom onboarding para aumentar a produtividade e o Employee Life Time Value? Como fomentar uma cultura de crescimento e aprendizado contínuo? Essas são apenas algumas perguntas que reforçam a necessidade de um olhar para inovação dentro do RH.

Em quais aspectos as empresas estão avançando e em quais precisam melhorar quando o assunto é inovação e novas tecnologias para os RHs? 

Eu acredito que estamos avançando em tecnologias para RH, muito fruto dos novos modelos de negócios e das transformações do mundo do trabalho. A inovação ainda está bem no começo, basta pensar que não faz muito tempo que o RH era tido como uma área longe do negócio, área que abraçava árvores e demais coisas nesse sentido.  

O fato é que sim, o RH passou por um movimento de transformação importante nos últimos anos, sendo cada vez mais baseado em dados e mais conectado aos objetivos do negócio. Na OLX Brasil, por exemplo, temos uma célula de People Analytics e imagino que essa seja uma tendência dos RHs que buscam relevância estratégica.

Em relação ao racismo e etarismo, como você percebe o mercado brasileiro hoje?

Ainda precisa melhorar muito, principalmente no entendimento do que estamos construindo sobre diversidade. As organizações têm um papel central na construção social. Ser como uma plataforma que impulsiona a evolução social, que é mais civilizatória que apenas um projeto específico para a organização A ou B. Aliás, sobre isso, percebo uma batalha pela percepção de qual empresa é mais diversa e esse não pode ser o foco. A missão é trabalhar em rede, em prol de reparar um equívoco na construção das organizações do trabalho, que foi deixar a diversidade de fora.

Isso vale para todos os recortes de maneira geral, mas vejo como prioritária a pauta racial e sobre etarismo. Na medida que a medicina avança, nosso tempo de vida aumenta. Vocês já devem ter ouvido por aí que a pessoa que vai viver para sempre já nasceu. Mas a verdade é que a conta não fecha se a sociedade e organizações continuarem o culto à juventude. Ou seja, à medida que a população envelhece e vê a juventude como a única força de trabalho possível, o que vai acontecer? Essa é uma conversa urgente.  

Qual é o papel dos líderes para formar times mais diversos e inclusivos? 

A liderança é fundamental. Aliás, como o próprio nome já sugere, liderar é dar a direção para algo, não somente mandar ou direcionar para tarefas, mas mudar o curso e transformar cenários. Nesse sentido, não só as organizações, mas o mercado como um todo exigem uma mudança de rota que nos leve a mais diversidade, mais inclusão. E essa é uma pauta de dentro para fora. Começa em cada liderança que se propõe a sair da zona de conforto para transformar, que tem a fragilidade necessária para aprender o que não sabe, para ouvir as pessoas. Se a liderança se movimenta, a organização se movimenta junto. 

Quais são as habilidades essenciais nas lideranças?

Antes de mais nada, inteligência emocional. É preciso se conhecer para transformar, e vejo que muitas questões que geram adoecimento nas organizações são causadas por líderes que tentam resolver seus sintomas jogando a responsabilidade nos seus respectivos times. Então, menos ego e mais acolhimento e escuta pode ser uma boa fórmula para o líder dos novos tempos. 

O que você projeta para o futuro do trabalho no contexto do Brasil? 

Tenho uma visão bastante otimista com relação ao futuro do trabalho no Brasil, principalmente pelo nosso valor humano que ainda é muito mal aproveitado. Somos um dos países mais diversos e criativos do mundo. Há claro muitos desafios que dependem do tripé poder público, empresas privadas e instituições de ensino. Vejo startups sociais ditando um futuro possível para o Brasil. Talvez esteja na hora de propormos um modelo para o mundo da inovação e dos negócios sem a necessidade de achar disruptivo apenas o que vem no Vale do Silício. Não que a gente não faça, claro que fazemos, precisamos talvez de mais fomento e valorização. Uma certeza que tenho é que o Brasil é o lugar onde o futuro vai nascer.

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