Cadu Espósito: Confiança, a receita para a liderança

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Cadu Espósito
Cadu Espósito

“Tem uma coisa que nenhum líder pode abrir mão com relação ao seu time, que é a confiança. Se os seus liderados não confiarem em você, nada vai acontecer. E para construir isso, você precisa de alguns ingredientes: ser o mais justo possível, discutir as regras com a equipe, ter transparência responsável e uma comunicação clara, além de ouvir e dar espaço para todos.”, defende Cadu Espósito.

Uma pessoa extremamente descontraída, Cadu Espósito gosta de dar risada e de fazer os outros rirem para tornar o ambiente mais leve. Palmeirense e roqueiro de carteirinha, tem um filho de 8 anos, o Bento, que é o seu parceiro de shows preferido. Bento toca bateria e é o grande orgulho do pai, que tocou guitarra por muitos anos e faz questão de jogar futebol todo final de semana com o filho.

Cadu veio de São Carlos, cidade do interior de São Paulo, para a capital, a fim de cursar Psicologia. Iniciou sua trajetória profissional querendo trabalhar com populações vulneráveis, como pessoas com alguma dependência química. Mas o destino tinha outras pretensões para ele.

“Em todas as clínicas que eu entrava como psicólogo, logo em seguida os donos me colocavam como RH. E a justificativa era sempre a mesma: ‘você se importa com os pacientes, mas parece que você se importa mais com os profissionais que estão aqui dentro.’ Isso porque eu pensava mesmo em treinamento, em como fazer o recrutamento, como era o clima dos profissionais e quais ações de engajamento poderiam ser feitas. Foi quando entendi que realmente minha veia pulsava por Recursos Humanos.”, conta.

Cadu, queremos conhecer mais da sua trajetória pessoal e quais foram os caminhos que te trouxeram até a posição de Gerente Sênior de RH da 99?

Comecei minha carreira na Latam Linhas Aéreas e logo em seguida eu fui para a Warren Media. Assim que terminei meu MBA, fui contratado como HR Business Partner (BP) na Warren Media. E aí começa mesmo a minha trajetória em termos de digital e tecnologia, porque era o momento de criação do HBO Max. Fiquei lá por 2 anos olhando como BP para toda a parte de cultura, treinamento, eficiência, desenvolvimento e integração de times. Depois desse período, recebi um convite da Conquer para integrar o time de professores dos cursos de liderança e futuramente entrei para a equipe de colaboradores também. 

Comecei a atuar como gerente de RH na Whirlpool Corporation, olhando especificamente para o setor de vendas, Customer Experience (CX) e marketing. Além disso, também fazia um olhar global para o desenvolvimento de lideranças. E sempre tive uma paixão pela 99, era uma das minhas empresas dos sonhos.

No seu histórico profissional, você assumiu papéis de gestão de pessoas em empresas referência na área de tecnologia. Em que medida você considera essas áreas complementares? 

Tecnologia e gestão de pessoas são 100% complementares. Não consigo imaginar a atuação de Recursos Humanos sem tech e acho que a área de tech precisou aprender muito de Recursos Humanos para chegar aonde chegou hoje. Pelas empresas que eu passei, sempre foram áreas muito próximas. E o grande desafio de RH é saber como nos aproximar cada vez mais da estratégia da empresa.

Afinal, estamos falando sobre retenção de talentos, diferencial de mercado,  atração dos melhores profissionais, e tudo isso só é possível com tecnologia e automatizações. Assim, podemos utilizar os dados para tomar decisões mais assertivas. Além disso, quando nós, como RH, desenvolvemos os times de tech, fazemos com que eles criem produtos e soluções cada vez mais atrativas. 

Como professor e mentor de lideranças, quais foram os maiores ensinamentos que você transmitiu e que recebeu? 

O principal ponto é que o professor nunca deixa de ser um aluno, esse foi o meu maior aprendizado. Já passei por algumas turmas e é incrível o quanto eu aprendo tanto quanto eles. Tem muito do life long learning nisso, é um tema que gosto muito, porque precisamos estar sempre complementando o nosso conhecimento.

Nós nunca sabemos o suficiente. Tem uma frase que gosto muito que diz: a partir do momento que eu deixo de aprender, eu começo a morrer. Minhas aulas são alimentadas justamente por esses aprendizados do dia a dia e também do networking que faço.

Quais são os desafios e as oportunidades da área de pessoas dentro de uma empresa de tecnologia?

O desafio principal é, cada vez mais, sobre como eu me conecto com o negócio. Preciso entender como estão as OKRs, em que números estamos chegando e em quais não estamos chegando. Hoje, por exemplo, eu faço seis viagens de 99 por semana, no mínimo, e não tem uma em que eu não pergunte para o motorista “por que você escolheu fazer uma corrida com a 99? O que pode ser melhor?”.

Os insights que isso me traz eu posso levar para os líderes ou posso discutir o papel do RH junto com aquela liderança. Eu começo a conectar esses dois stakeholders. E isso significa que o RH não pode mais ser uma área de suporte, isso faz toda a diferença em empresas de tecnologia, em que tudo muda muito rápido.

Na sua perspectiva, em quais frentes os RHs precisam avançar para se tornarem uma área ainda mais tech?

Além de entender o que o negócio está precisando de fato, é muito importante investir em automatização. É muito confortável ficar na função operacional, fazer uma planilha de controle de funcionários, mas isso não apoia o negócio. A gente já pode automatizar tudo isso e, quanto mais fizermos isso, mais disponibilidade vamos ter para efetivamente me conectar com a empresa. Outro ponto importante é a análise e o cruzamento de dados estratégicos sobre pessoas, isso muitas vezes é um processo negligenciado.

Você foi listado como top 100 People 2022 pela Feedz. Como foi receber esse reconhecimento? E quem é sua principal referência e inspiração, na vida e na carreira?

Foi uma mega surpresa, primeiro porque eu sou um grande fã da Feedz. E eu tenho uma tríade comigo, que eu gosto demais. A primeira é Patty McCord, que foi executiva de Recursos Humanos da Netflix. Ela tem um livro chamado “Powerful: Como construir uma cultura corporativa de liberdade e responsabilidade”, que mostra um olhar de RH que eu não conhecia, com relação à estratégia do negócio.

Tem outro executivo que já não está mais entre nós, que é o Tony Hsieh, fundador da Zappos. No seu livro Delivering Happiness, ele fala sobre a filosofia da Zappos e sobre sempre olhar pela visão do cliente e o que o cliente precisa para se conectar com você. Eu acho que isso tem tudo a ver com RH. Muitos RHs não entendem que somos responsáveis pelos clientes internos e precisamos oferecer uma boa experiência para todas essas pessoas.

E uma terceira inspiração é bem pessoal. Sou um grande fã da liderança do técnico do Palmeiras, que é o Abel Ferreira. Já li os livros dele, gosto da metodologia de parceria com os seus liderados, é o que eu tento praticar na minha liderança e também nos meus cursos. Ele mostra que existe uma grande diferença entre líder e chefe, sendo o líder uma pessoa efetivamente inspiradora e que o grupo acredita.

Qual é o seu legado rock?

Entendo que o meu legado é que eu faço questão de tentar trazer a melhor experiência possível para as equipes e todas as pessoas que estão no meu ambiente de trabalho. Acredito que nós temos que nos divertir, o trabalho precisa ser legal e prazeroso e tem que fazer sentido para cada um.

Existe um conceito que eu gosto demais que é o de felicidade no trabalho. Eu sei que muitas vezes pode parecer utópico, mas a verdade é que passamos pelo menos um terço da nossa vida adulta trabalhando. Por isso, eu entendo que a gente tem que ter a melhor experiência possível e vejo o RH como uma das principais áreas que promove isso.

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